segunda-feira, 6 de abril de 2020

Ando lavando muito as mãos.

Por Alcy Maihoní

Já avisei todo mundo daqui de casa que pegar esse tal de vírus chinês, e parar no hospital quero a hidroxicloroquina como medicação. Lá na África todo mundo toma na boa, há décadas. Se não fizer bem, mal também não deverá fazer.

Ando lavando tanto as mãos que se esta quarentena demorar mais um tanto, creio que perderei minhas digitais. Álcool em gel, não tenho, pois o preço está os olhos da cara! Porém, sabão não falta.

Este ano farei 58 anos, ainda não estou na classificação da terceira idade, mas tenho imunidade baixa e por conta disto vivo na reclusão, como ordena o governador e especialistas infectologistas. Interessante que em 1904, pessoas com 42 anos eram considerados velhos na época.

Procuro me ocupar com leituras e tarefas caseiras, mas venho pensando que se morrer será de raiva, tédio, crise hepática, ataque cardíaco... Mas não pelo vírus chinês!
Não quero ficar neurótico ao quadrado.
Ando lavando muito as mãos.

Hoje, devido a necessidade saí do isolamento, entrei no ônibus da linha Palmares, da viação Nossa Senhora da Glória em direção ao centro de Nova Iguaçu. Havia muitos bancos vazios, mas preferi sentar   nos fundos, tirei do bolso da calça uma máscara e a coloquei no rosto. 

Com rinite era um espirro atrás do outro. E algumas poucas pessoas que lá estavam no ônibus volta e meia olhavam para trás. Acredito que até o motorista, observava-me pelo espelho. Que gente bolada! Não sabem que ando lavando muito as mãos. 

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